quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O efeito Baíco em Marataízes

O oceano político está agitado no litoral. Como sempre, Netuno anda fazendo das suas para proteger Ísis, a deusa egípcia do amor. Não é tsunami, tampouco uma tempestade, apenas uma pessoa incomum, com a alcunha de Baíco, que resolveu mexer com as águas do Atlântico que abraçam o píer de Marataízes e rompem no quebra-mar da Barra. Seu nome: Zilmar Geaquinto Filho.

Este é um artigo político, mas bem poderia ser uma poesia, em homenagem a Baíco, autor do hino da cidade e de tantas outras canções que fazem a Pérola Capixaba ser cantada em todo canto do Brasil. Maratimba da gema, de raiz profunda, Baíco filiou-se ao Partido Verde, que se reinventa em Marataízes para ser protagonista no processo político local. E chegou fazendo onda.

A simples possibilidade de vir candidato a prefeito - que ainda descarta - fez os guruçás espicharem os olhos e emergirem da areia. Alguns caciques políticos se apressaram em reverenciá-lo. E não é pra menos. Baíco é engenheiro civil, mestre em Gestão Ambiental, e possui no bornal mais de 700 projetos de obras realizadas em 21 administrações. Também é batuta, não bota a mão na cumbuca, mas dá a mão a pobre e conversa com rico. Isso assusta.

Com esse Celacanto Dourado na rede, o PV de Marataízes quer ganhar energia para ter influência no processo eleitoral. No momento, o partido vem conversando muito. Quem o procurou primeiro foi o grupo da candidata Norma Ayub (Democratas). Não será surpresa se dessa união sair uma chapa para a majoritária, para o bem da cidade e de suas praias encantadas.

Baíco traz a cura para Norma, ou melhor, para a chaga que querem imputá-la, de ser forasteira. Mais maratimba que ele só os pescadores do Pontal e os pargos do Cações. Não que Norma esteja mal, ao contrário, seu barco está bem ancorado. Já tem até gente dizendo que só assim, com a vitória dela, Ferração vai sossegar o facho, abrindo caminho no calçadão da Praia Principal para que outro pretendente a deputado da cidade receba o seu apoio em 2022.

Eu duvido muito. Mas também duvidava que Baíco iria entrar para a política. Que Netuno saiba o que está fazendo.  


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Esquenta o caldeirão em Vitória

O cavalo está arreado, resta saber quem vai conduzi-lo à PMV

Nos meses que antecedem as eleições, é comum aos partidos encomendar pesquisas para avaliar sua densidade eleitoral. As sondagens são feitas para o consumo interno, mas fornecem os elementos que darão o norte das candidaturas e futuras alianças. Ter acesso a essas avaliações é tarefa difícil, pois, geralmente, são guardadas a sete chaves. Como para jornalista o pingo é letra, a gente pergunta de cá, cutuca de lá e vai formando juízo através das fontes, que ainda são sagradas. Não deixem o STF ler isso, senão profana.

Pois bem, de tudo que vi e ouvi, deu pra perceber que dois pré-candidatos largam na frente em Vitória: Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB) e João Coser (PT). Sérgio Majeski, caso não tivesse perdido as prévias dos socialistas para Sérgio Sá, poderia estar nesse páreo. Os deputados Fabrício Gandini (Cidadania), Lorenzo Pazolini (Republicanos), assim como o Capitão Assunção (Patriota), estão, digamos, no meio do caminho.

Gandini tem o apoio do atual prefeito da capital, Luciano Resende, aliado do governador Renato Casagrande. Articula para brigar na ponta. Já o Capitão Assunção conta com os votos bolsonaristas da extrema direita. Pazolini tem a simpatia da Assembleia, via Érik Musso, e do deputado federal Amaro Neto, ambos de seu partido. Espera pela unção do ex-governador Paulo Hartung, que está espremido entre esse e o seu ex-comandante da Polícia Militar, Milton Cerqueira (Novo), desidratado, assim como outros pretendentes.

Analisando com serenidade o tabuleiro da baiana, minhas fichas hoje estariam com Luiz Paulo. Apesar de não ser o candidato oficial do governador Renato Casagrande, tem bom trânsito no Palácio Anchieta. O tucano, olhando lá na frente, tem refutado apoio explícito de opositores do governador. Sabe que, num eventual segundo turno, precisará do apoio dele para formar uma frente ampla contra Coser ou um dos candidatos de PH.

Com dois mandatos bem avaliados na capital, o tucano articula pelo centro. Recentemente, assinou a Carta Cívica de Vitória, junto com representantes da Rede e do PP. A Carta hasteia a bandeira da sustentabilidade, da economia verde e da descentralização administrativa, com a volta das subprefeituras (leia-se prefeitinhos), que deram certo em suas gestões.

Por sua vez, João Coser deve articular a esquerda de raiz para encorpar sua candidatura. Seu maior obstáculo é a rejeição que o PT encontra junto à população, que guarda na retina os escândalos de corrupção do petrolão e as condenações da Lava-Jato. De qualquer forma, largou bem. Enquanto isso, o relógio vai fazendo tic-tac-tic-tac...

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Marataízes: façam suas apostas!

 

Eleição em Marataízes é como um ovo Fabergé, aquele russo, que revela surpresas valiosíssimas.  Historicamente, já vimos candidato largar na frente e chegar na rabeira, assim como candidato cantar vitória de véspera, degustando uma suculenta picanha, ver seu sonho sucumbir no dia do juízo final. Enfim, apostar em candidato por lá é coisa de doido, pra quem gosta de fortes emoções, porque nem sempre tem café no bule do favorito.

A julgar pelo último pleito, Toninho Bittencourt (Podemos) estaria eleito. Somando os 7.080 votos que obteve em 2016 (33% dos votos válidos) com os 6.250 do Marco Vivácqua (PTB) seria macuco no embornal. Juntos, em tese, estariam com quase 65% da preferência. Mas eis que surge uma candidata, com muita linha na agulha, deputada federal e prefeita por duas vezes, para ameaçar essa aliança.

Norma Ayub (DEM) é o elemento surpresa em 2020, a caixinha de música com a bailarina que pode destronar Tininho (PDT) e fazer ruir a aliança Toninho-Marco, já baqueada com o expurgo do vereador Loro (PP) da chapa majoritária. Os adversários de Norma sabem disso e esboçam uma campanha de desconstrução da demista. Acusam-na de forasteira, de não ter luz própria, de omissão, enfim, só falta falar que ser mulher inteligente e bonita é defeito. Epa!! Fico imaginando a quantidade de preconceito que tem sofrido para levar adiante a candidatura, que segue firme.

O contraponto de Norma à aliança de Toninho veio com a aproximação ao ex-prefeito Doutor Jander (sem partido). Bom de voto, Jander não tem feito cerimônia em levantar a bandeira de Norma, que carrega a grife ferracista na bolsa e a defesa do presidente Jair Bolsonaro em seu portfólio. Vem ainda com uma votação surpreendente no pleito de 2018, quando levou a maioria dos votos maratimbas na disputa pela vaga na Câmara Federal. Não é pouca coisa.

Correndo por fora está o atual prefeito do município. Na verdade, chefiando o Executivo Municipal, Tininho deveria estar correndo por dentro. Mas, as agruras com a Justiça e a pandemia têm feito sua candidatura patinar. Nas sondagens preliminares que os candidatos guardam na gaveta, Tininho aparece mal na fita. Sua aposta é de que Marataízes costuma dar uma segunda chance aos seus mandatários. Pelo menos foi assim com Ananias e Jander. E quase foi com Toninho. Resta saber se esse voto de confiança já não lhe foi dado em 2016, após ocupar quase todo o mandato de Jander. Volto ao tema.

Está aberta a temporada de apostas. Façam as suas.